Como a doação de um simples par de sapatos pode mudar a vida de alguém? O nigeriano Samuel Ohonme, o Manny, fundador da Organização Não Governamental (ONG) Samaritan's Feet, é uma ilustre testemunha de que gestos simples como doar calçados podem transformar vidas, abrir novos caminhos, conduzir uma alma ao encontro de Deus. Sua entidade distribui sapatos e esperança a crianças de todo o mundo, a partir do incentivo ao esporte e da evangelização. Manny, a propósito, foi o primeiro a ser salvo de uma vida de miséria e sem perspectiva na África ao receber um par de tênis de um missionário norte-americano. Foi o ponto de partida de uma trajetória bem-sucedida como jogador de basquete nos EUA.
Em visita ao Brasil no final do mês de abril, Manny consolidou a parceria da ONG com o projeto Bilú, em Caieiras (SP), que atende 800 crianças e adolescentes em práticas esportivas, além de manter uma casa abrigo. Simpático e sorridente, ele conversou com a Revista Exibir Gospel durante um evento realizado na cidade para recepcioná-lo e contou um pouco da sua história. Falou também da pretensão de o projeto ter no Brasil uma fábrica de sapatos, como braço da entidade na América do Sul.
Em visita ao Brasil no final do mês de abril, Manny consolidou a parceria da ONG com o projeto Bilú, em Caieiras (SP), que atende 800 crianças e adolescentes em práticas esportivas, além de manter uma casa abrigo. Simpático e sorridente, ele conversou com a Revista Exibir Gospel durante um evento realizado na cidade para recepcioná-lo e contou um pouco da sua história. Falou também da pretensão de o projeto ter no Brasil uma fábrica de sapatos, como braço da entidade na América do Sul.
Exibir Gospel: Como muitas crianças africanas hoje, você um dia também andou descalço, por não ter um calçado. Conte-nos como superou uma vida cheia de dificuldades e o que o levou a criar o Samaritan's Feet:
Manny Ohonme: É uma longa história. Eu nasci na Nigéria e, como a maioria das crianças, não tinha sapatos. Quando eu tinha uns nove anos, fui escolhido para receber o meu primeiro par de tênis das mãos de um missionário americano. A ação dele foi a concretização de um sonho, porque percebi que Deus tinha um plano para mim. Eu acredito nisso. Mais tarde, acabei indo para os Estados Unidos, com uma bolsa de estudos. Investi mais no esporte e na minha educação. Quando meu pai morreu, em 1997, voltei à África. Lá, vi muitas crianças pobres, como eu era. Aí eu me lembrei do que aconteceu comigo e de como fui abençoado com aqueles sapatos. Então tive uma visão na minha mente, de criar uma instituição que fizesse por aquelas crianças o mesmo que aquele missionário americano fez por mim.
EG: Em relação à doação de calçados, qual é a meta da Ong?
Manny: O nosso objetivo é, nos próximos 10 anos, doarmos 10 milhões de sapatos a 10 milhões de crianças. Nos últimos sete anos, conseguimos impactar cerca de três milhões de pessoas em cerca de 53 países de todo o mundo. E temos mais três anos e meio pela frente até atingirmos essa meta. Mas, para isso, precisamos de ajuda, precisamos que as pessoas caminhem ao nosso lado para nos ajudar nesta missão.
EG: Em quantos países vocês estão presentes?
Manny: Em 53 países da África, América do Sul e Caribe. Temos também representações na América do Norte, na Ásia e no Médio Oriente.
EG: Como a entidade concilia dois objetivos tão distintos: doar sapatos e evangelizar? O que é mais difícil neste projeto, a proposta material ou espiritual?
Manny: Acredito que um dos grandes desafios é fazer com que as pessoas percebam que, para manter um projeto deste tipo, é preciso dinheiro. Fabricar um par de sapatos e entregá:lo a uma criança custa cerca de R$ 16. E, para nós, o par de sapatos não é a única resposta. O mais importante é ter a oportunidade de poder partilhar o amor de Deus com essas pessoas. Outro desafio é a dificuldade que encontramos em realmente fazer com que os sapatos cheguem ao seu destino. Porque enviar os pares de sapatos para os diferentes países do mundo custa dinheiro: embarcá:los em um navio ou avião em containers seguros, ter voluntários que nos ajudem na entrega, formar parcerias com igrejas, associações civis e corporações, porque é fundamental que elas também façam parte daquilo que fazemos. São várias fases que temos de ultrapassar para realmente entregar um par de sapatos a uma criança.
EG: Mas, como falar de Deus às crianças famintas?
Manny: Uma criança com fome não quer ouvir falar de Deus, ela quer comer. E, ao alimentá:la, você tem a oportunidade de abrir o seu coração, para que ela ouça o que você tem a dizer. Se uma criança está passando por um terreno perigoso, descalça, com infecções nos pés, ela não vai querer ouvir falar de Deus se os pés dela estiverem doendo. Por isso, damos um par de sapatos a ela e, então, falamos a ela que Deus o ama. E, com isso, temos um resultado espetacular na sua vida. Esse é o nosso propósito.
EG: Esta visita do senhor ao Brasil deixa claro que a Samaritan's Feet quer fortalecer suas bases aqui. De que forma vocês pretendem fazer isso?
Manny: O nosso objetivo é estabelecer a visão da entidade no Brasil. Estamos aqui porque acreditamos que o Brasil é um país abençoado. Sabemos que é necessário criar uma organização aqui, com igrejas e empresas brasileiras, que nos ajudem a atingir o objetivo de doar 10 milhões de sapatos a crianças de todo o mundo. Na verdade, pretendemos criar uma fábrica de sapatos aqui, isso seria fundamental para tornar o nosso projeto sustentável e iria facilitar o processo de expansão para a América Latina.
EG: Qual é o papel da igreja neste projeto?
Manny: A igreja pode ajudar na divulgação do projeto e na angariação de voluntários que nos ajudem, para efetivamente colocarmos os sapatos nos pés das crianças. Além disso, também pode nos ajudar a ser um instrumento da Palavra de Cristo em todo o mundo. Com a situação socioeconômica que vivemos, as pessoas estão procurando por respostas. É uma ótima oportunidade de a igreja se expandir e realmente fazer a diferença na vida das pessoas.
EG: O senhor chegou até Deus por meio do esporte. Acredita que este é o melhor caminho para as pessoas até Ele?
Manny: O esporte é uma das linguagens universais do mundo. Todos o entendem. Ele ultrapassa a guerra, as diferentes nacionalidades e raças, a experiência de vida e as condições socioeconômicas. Se dermos um par de tênis para que as crianças possam correr, jogar futebol, basquete ou dançar,ajudamos a colocar as diferenças de lado e nos focamos no mais importante, que é fazer a diferença na vida deles. É uma ponte que podemos e devemos usar para comunicar o amor, não só o amor em geral, mas o de Deus.
EG: Como é o trabalho dos Jovens Embaixadores do Samaritan´s Feet?
Manny: O Jovens Embaixadores é uma continuidade dos projetos da Ong, como uma forma de reconhecermos que a mudança requer compromisso com o amanhã. A iniciativa é realizada por um grupo de rapazes e moças que viajam o mundo divulgando a Palavra. O propósito é mostrar aos jovens, por meio do esporte, que eles podem e devem ter um objetivo na vida. Assim, eles viajam o mundo, mostrando a sua paixão e compaixão e o mais importante: o amor de Deus a pessoas de todas as nações.
Assim como Jesus fez, eles também fazem
No livro de João, capítulo 13, o profeta fala de um ato de bondade de Jesus: ele lavou os pés dos apóstolos antes da última ceia. Através desse gesto, o Senhor mostrou a cada um deles a importância da humildade. "Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros", disse Jesus. Seguindo o exemplo divino, antes de receber o par de sapatos por meio da Ong, as crianças têm os pés lavados por representantes da organização ou entidades ligadas a ela. "Lavamos o seus pés cuidadosamente, depois colocamos as meias e os sapatos. Aí, aproveitamos para passar um tempo com eles e falar de Deus. Queremos mostrar:lhes que os amamos e nos preocupamos com eles", diz Manny.
Manny Ohonme: É uma longa história. Eu nasci na Nigéria e, como a maioria das crianças, não tinha sapatos. Quando eu tinha uns nove anos, fui escolhido para receber o meu primeiro par de tênis das mãos de um missionário americano. A ação dele foi a concretização de um sonho, porque percebi que Deus tinha um plano para mim. Eu acredito nisso. Mais tarde, acabei indo para os Estados Unidos, com uma bolsa de estudos. Investi mais no esporte e na minha educação. Quando meu pai morreu, em 1997, voltei à África. Lá, vi muitas crianças pobres, como eu era. Aí eu me lembrei do que aconteceu comigo e de como fui abençoado com aqueles sapatos. Então tive uma visão na minha mente, de criar uma instituição que fizesse por aquelas crianças o mesmo que aquele missionário americano fez por mim.
EG: Em relação à doação de calçados, qual é a meta da Ong?
Manny: O nosso objetivo é, nos próximos 10 anos, doarmos 10 milhões de sapatos a 10 milhões de crianças. Nos últimos sete anos, conseguimos impactar cerca de três milhões de pessoas em cerca de 53 países de todo o mundo. E temos mais três anos e meio pela frente até atingirmos essa meta. Mas, para isso, precisamos de ajuda, precisamos que as pessoas caminhem ao nosso lado para nos ajudar nesta missão.
EG: Em quantos países vocês estão presentes?
Manny: Em 53 países da África, América do Sul e Caribe. Temos também representações na América do Norte, na Ásia e no Médio Oriente.
EG: Como a entidade concilia dois objetivos tão distintos: doar sapatos e evangelizar? O que é mais difícil neste projeto, a proposta material ou espiritual?
Manny: Acredito que um dos grandes desafios é fazer com que as pessoas percebam que, para manter um projeto deste tipo, é preciso dinheiro. Fabricar um par de sapatos e entregá:lo a uma criança custa cerca de R$ 16. E, para nós, o par de sapatos não é a única resposta. O mais importante é ter a oportunidade de poder partilhar o amor de Deus com essas pessoas. Outro desafio é a dificuldade que encontramos em realmente fazer com que os sapatos cheguem ao seu destino. Porque enviar os pares de sapatos para os diferentes países do mundo custa dinheiro: embarcá:los em um navio ou avião em containers seguros, ter voluntários que nos ajudem na entrega, formar parcerias com igrejas, associações civis e corporações, porque é fundamental que elas também façam parte daquilo que fazemos. São várias fases que temos de ultrapassar para realmente entregar um par de sapatos a uma criança.
EG: Mas, como falar de Deus às crianças famintas?
Manny: Uma criança com fome não quer ouvir falar de Deus, ela quer comer. E, ao alimentá:la, você tem a oportunidade de abrir o seu coração, para que ela ouça o que você tem a dizer. Se uma criança está passando por um terreno perigoso, descalça, com infecções nos pés, ela não vai querer ouvir falar de Deus se os pés dela estiverem doendo. Por isso, damos um par de sapatos a ela e, então, falamos a ela que Deus o ama. E, com isso, temos um resultado espetacular na sua vida. Esse é o nosso propósito.
EG: Esta visita do senhor ao Brasil deixa claro que a Samaritan's Feet quer fortalecer suas bases aqui. De que forma vocês pretendem fazer isso?
Manny: O nosso objetivo é estabelecer a visão da entidade no Brasil. Estamos aqui porque acreditamos que o Brasil é um país abençoado. Sabemos que é necessário criar uma organização aqui, com igrejas e empresas brasileiras, que nos ajudem a atingir o objetivo de doar 10 milhões de sapatos a crianças de todo o mundo. Na verdade, pretendemos criar uma fábrica de sapatos aqui, isso seria fundamental para tornar o nosso projeto sustentável e iria facilitar o processo de expansão para a América Latina.
EG: Qual é o papel da igreja neste projeto?
Manny: A igreja pode ajudar na divulgação do projeto e na angariação de voluntários que nos ajudem, para efetivamente colocarmos os sapatos nos pés das crianças. Além disso, também pode nos ajudar a ser um instrumento da Palavra de Cristo em todo o mundo. Com a situação socioeconômica que vivemos, as pessoas estão procurando por respostas. É uma ótima oportunidade de a igreja se expandir e realmente fazer a diferença na vida das pessoas.
EG: O senhor chegou até Deus por meio do esporte. Acredita que este é o melhor caminho para as pessoas até Ele?
Manny: O esporte é uma das linguagens universais do mundo. Todos o entendem. Ele ultrapassa a guerra, as diferentes nacionalidades e raças, a experiência de vida e as condições socioeconômicas. Se dermos um par de tênis para que as crianças possam correr, jogar futebol, basquete ou dançar,ajudamos a colocar as diferenças de lado e nos focamos no mais importante, que é fazer a diferença na vida deles. É uma ponte que podemos e devemos usar para comunicar o amor, não só o amor em geral, mas o de Deus.
EG: Como é o trabalho dos Jovens Embaixadores do Samaritan´s Feet?
Manny: O Jovens Embaixadores é uma continuidade dos projetos da Ong, como uma forma de reconhecermos que a mudança requer compromisso com o amanhã. A iniciativa é realizada por um grupo de rapazes e moças que viajam o mundo divulgando a Palavra. O propósito é mostrar aos jovens, por meio do esporte, que eles podem e devem ter um objetivo na vida. Assim, eles viajam o mundo, mostrando a sua paixão e compaixão e o mais importante: o amor de Deus a pessoas de todas as nações.
Assim como Jesus fez, eles também fazem
No livro de João, capítulo 13, o profeta fala de um ato de bondade de Jesus: ele lavou os pés dos apóstolos antes da última ceia. Através desse gesto, o Senhor mostrou a cada um deles a importância da humildade. "Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros", disse Jesus. Seguindo o exemplo divino, antes de receber o par de sapatos por meio da Ong, as crianças têm os pés lavados por representantes da organização ou entidades ligadas a ela. "Lavamos o seus pés cuidadosamente, depois colocamos as meias e os sapatos. Aí, aproveitamos para passar um tempo com eles e falar de Deus. Queremos mostrar:lhes que os amamos e nos preocupamos com eles", diz Manny.
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