Nem tudo é alegria na vida de um humorista. Que o diga Dedé Santana, que divertiu uma geração ao lado de Didi, Mussum e Zacarias em “Os Trapalhões”. Fora da telinha, o mais sério dos trapalhões, que atende pelo nome de Manfried Sant´Anna, sentia-se prisioneiro da fama. À medida que o sucesso crescia ao longo de três décadas de carreira, aumentava também o seu mau humor e a aversão ao lidar com o assédio dos fãs. “Aonde quer que eu chegasse para me apresentar, cercava-me de seis seguranças, e não olhava para ninguém”, conta na sua autobiografia “Um Trapalhão de Deus”, na qual ele relata sua conversão.
Para tentar pôr fim à tristeza que tomava conta da sua vida, o comediante apelou ao kardecismo e à macumba. Enquanto isso, Deus tentava falar ao seu coração por meio de outras pessoas. O primeiro episódio se passou em 1989, em Cabo Frio, quando uma desconhecida o abordou no meio do trânsito e lhe ofereceu uma Bíblia.
Dois anos depois, durante uma turnê em Angola, se espantou com a persistência de um pastor que o seguia repetindo a frase “Jesus salva”. Uma das camareiras da Globo também não perdia a oportunidade de ler a Bíblia para Dedé. “Quando eu lhe perguntava por que ela fazia isso, ela respondia: Jesus me mandou orar por você”, lembra o ator.
Mas foi quando Mussum morreu, em 1994, que Dedé percebeu que Deus estava querendo entrar em sua vida. Ao sair do funeral, abatido e irritado com o alvoroço na porta do cemitério, uma menina se dirigiu a ele e disse: “Todas vezes vez que você aparecia na televisão, eu botava a mão em cima do aparelho e pedia a Deus para você aceitar Jesus”.
Nesse mesmo ano, Dedé viveu um drama que marcaria o resto de sua vida: um sério problema cardíaco, que o deixou “entre a vida e a morte”. No hospital, ele recebeu a visita de alguns pastores de Taubaté, enviados pela missionária Suzi Romero, que conheceu Dedé durante uma viagem de avião tempos atrás. Os pastores oraram por ele e disseram: “Você não vai morrer, porque Jesus tem um plano para a sua vida”. No dia seguinte, Dedé estava curado. Foi o primeiro dia da sua vida dedicada a Deus.
Já longe dos “Trapalhões”, Dedé começou a participar de palestras evangélicas, mas, com o tempo, ele entendeu que o seu propósito era ser um artista de Cristo. “Jesus me manteve nesse meio para que eu pudesse falar de Deus às outras pessoas”, acredita. Em 2008, depois de 14 anos fora da Rede Globo, o ator regressou à emissora, onde voltou a atuar ao lado de Renato Aragão em “A Turma do Didi”.
Hoje, Dedé já planeja produzir um filme sobre a sua história com Deus. “Foi por meio do meu encontro com Jesus que pude reencontrar-me com as outras pessoas. Prisioneiro da fama, eu me cercava de seguranças e não olhava para ninguém. Mas o povo evangélico ensinou-me a ser livre.”
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