O Dia Mundial da Saúde é celebrado anualmente em 7 de abril . Mas, neste ano, a data cai no pico de uma das maiores pandemias da história do mundo moderno. O novo coronavírus já infectou mais de 1,4 milhão de pessoas e matou mais de 81 mil em poucos meses. Para comparação, a última pandemia mundial, da gripe A (H1N1), popularmente conhecida como gripe suína, matou cerca de 18 mil em um período maior, entre 2009 e 2010, segundo a OMS.
E enquanto a recomendação para a população é ficar em casa, milhares de profissionais de saúde estão na linha de frente contra o COVID-19, salvando vidas e ajudando no combate à pandemia. São médicos, enfermeiros, socorristas, técnicos e farmacêuticos, entre outros que, todos os dias, saem de casa se expondo ao risco de contrair a doença.
Foi o que aconteceu com o oncologista Jorge Abissamra Filho. Foi durante os atendimentos realizados em seis hospitais de São Paulo que o médico foi contaminado. Ele foi liberado esta semana para regressar ao trabalho e conta como está o ambiente em meio à pandemia. “O clima dentro dos hospitais está tenso, os casos estão aumentando muito e, se continuar assim, não há estrutura para o atendimento”, diz. Ele teve sintomas leves da doença, mas, segundo o próprio, o quadro é diferente dentro dos hospitais. “Metade dos pacientes que eu vi são jovens, muitos em estado grave. Estamos de mãos atadas”.
Socorro atrás do balcão
Não é só dentro dos hospitais que os profissionais se expõem mais ao risco do COVID-19. Thiago Sponda é farmacêutico e toda sua rotina de trabalho e até dentro de casa foi alterada. “Por conta da preocupação geral, a população acaba se dirigindo à farmácia como alternativa pra não ir ao hospital, além de aumentar a procura por itens de segurança e higiene, como máscaras e álcool em gel, o que fez o movimento aumentar muito”, conta Thiago. Em casa, com o resto da família em isolamento social, o farmacêutico adotou novos hábitos: “Tiro o calçado antes de entrar em casa e, sem ter contato com ninguém, vou direto para o banho e a roupa para a lavanderia”, diz. A situação, segundo Thiago, é estressante. “A tensão aumentou e isso é sentido pelos próprios membros da minha família”, desabafa.
Longe da família
Para cuidar da família de toda a população, estes profissionais acabam tomando decisões difíceis: se afastar dos próprios familiares para não colocar ninguém em risco. É o caso do socorrista Enio Roberto Carreiro. Há três anos ele trabalha no serviço de atendimento em casos de situações de urgência e emergência e, ao volante de uma ambulância, ele segue firme para cuidar da saúde de todos, fazendo até sacrifícios em prol dessa missão. “Desde o início da pandemia estou afastado da família. Foi uma decisão conjunta, já que, apesar de todos os cuidados, em meu trabalho tenho uma proximidade de contato com o paciente e assim podemos mais facilmente levar o vírus para nossa casa”. Paralelamente a esse cuidado, ele adotou outras medidas para evitar o contágio: nunca entrar com a bota ou macacão em casa e chegar direto para o banho.
São três histórias exemplificando a rotina de milhões de profissionais ao redor do mundo, que, para que todos fiquem bem em casa, se expõem diariamente ao risco. Jorge, Thiago e Roberto estão na linha de frente e fazem um pedido à população: quem puder, por favor, fique em casa.
Reportagem originalmente publicada aqui.
